Um recorde de LGBTQIAPN+ eleitos/as/es em 2024

14 de Outubro de 2024

Acabamos de sair do primeiro turno das eleições municipais e, certamente, temos muito para refletir e debater sobre esse processo político. 

Uma das dimensões que tem sido mais discutidas é a diversidade de corpos e identidades entre representantes eleitos para as Câmaras Municipais por todo o país.

Segundo dados compilados pelo Vote LGBT e pela ANTRA, 225 pessoas LGBTQIAPN+ foram eleitas em 190 cidades de 22 estados. É a maior participação já registrada, um aumento de 130% em relação ao pleito de 2020. 

Podemos considerar que, antes, candidaturas LGBTQIAPN+ não se assumiam assim. De fato, muitos políticos não declaravam suas sexualidades dissidentes com receio da repressão e da violência. 

Basta lembrarmos aqui o vereador Renildo José dos Santos, de 29 anos, no município de Coqueiro Seco em Alagoas, que foi assassinado brutalmente em 10 de março de 1993 após se assumir bissexual em uma entrevista. Podemos também lembrar do caso mais recente da Marielle Franco.

As violências políticas e eleitorais são uma realidade. Assim, não basta eleger. Devemos sim celebrar esse marco histórico, mas também cobrar dos Poderes Públicos que assegurem condições para o exercício livre e em segurança desses mandatos.

Sem diversidade não há democracia. Precisamos que esses grupos vulnerabilizados sejam eleitos e eleitas e possam fazer trabalho de representação política sem ameaças, sem discriminação, com apoio dos partidos e da Casas Legislativas.

Por fim, vale reforçar que não basta ser LGBTQIAPN+ para nos representar. As pessoas eleitas precisam ter compromisso ético e político com as agendas construídas por nosso movimento e pela nossa comunidade. Uma representatividade esvaziada e meramente formal não altera as relações de poder. Ao contrário disso, apenas reforça o status quo. 

Precisamos de LGBTQIAPN+ eleitos/as/es com engajamento nas nossas lutas coletivas e levando adiante as nossas bandeiras e reivindicações de mais democracia, direitos e plena cidadania.

Renan Quinalha

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