Um verdadeiro protagonismo LGBTQIA+ no carnaval
07 de Março de 2025
O carnaval sempre foi uma das festividades mais frequentadas e celebradas pelas pessoas LGBTQIA+. Quando sequer a sigla existia, já tínhamos Bailes dos Enxutos, Bailes das Bonecas, concursos de Miss Gay e Miss Travesti nas principais cidades brasileiras durante o século XX.
Apesar do caráter flagrantemente LGBTQIA+ das fantasias, personagens, enredos e trabalhadoras/es nos salões, bailes, blocos e sambódromos, a verdade é que nunca fomos alçados a protagonistas dessas festas.
Ao menos não até 2025. Nossa existência parece ter tomado corpo e espaço para além da exotização na folia carnavalesca. As subculturas negras e LGBTQIA+ vieram definitivamente pro primeiro plano do carnaval.
Pela primeira vez, tivemos as existências LGBTQIA+ como tema nos sambódromos de São Paulo e do Rio.
No Anhembi, a Escola Terceiro Milênio fez um samba enredo sobre a LGBTQIAfobia, mas também sobre Stonewall e outras lutas da nossa história. Tive a honra de ser homenageado como um dos autores cuja produção intelectual ajudou na pesquisa histórica, uma emoção desfilar em um dos carros alegóricos. Na Sapucaí, foi a vez da Tuiuti celebrar a figura de Xica Manicongo, primeira travesti não indígena documentada da história brasileira, descoberta a partir de pesquisas do antropólogo Luiz Mott e da releitura feita, nos anos 2000, por Marjorie Marchi. A escola contou, ainda, com assessoria da Bruna Benevides e da ANTRA, o que mostrou a qualidade do desfile que fez história.
Seguimos aqui fazendo história em todos os espaços do Carnaval e, agora, também nos principais sambódromos do país. E seguimos fazendo história fora do carnaval, durante o ano todo.
A sinfonia dos leques ecoou como nunca por todas as ruas e avenidas deste país. Uma festa que mostra nossa alegria e nossa potência enquanto força social e política das mais importantes do nosso país.
Renan Quinalha
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